domingo, 30 de outubro de 2016

Leonard Cohen


Eterno amante, eterno poeta, eterno cantor.....não me morras!

O melhor!

Do novo album:




"Treaty"

I've seen you change the water into wine
I've seen you change it back to water, too
I sit at your table every night
I try but I just don't get high with you
I wish there was a treaty we could sign
I do not care who takes this bloody hill
I'm angry and I'm tired all the time
I wish there was a treaty, I wish there was a treaty
Between your love and mine

Ah, they're dancing in the street — it's Jubilee
We sold ourselves for love but now we're free
I'm so sorry for that ghost I made you be
Only one of us was real and that was me

I haven't said a word since you been gone
That any liar couldn't say as well
I just can't believe the static coming on
You were my ground, my safe and sound
You were my aerial

Ah, the fields are crying out — it's Jubilee
We sold ourselves for love but now we're free
I'm so sorry for that ghost I made you be
Only one of us was real and that was me

I heard the snake was baffled by his sin
He shed his scales to find the snake within
But born again is born without a skin
The poison enters into everything

And I wish there was a treaty we could sign
I do not care who takes this bloody hill
I'm angry and I'm tired all the time
I wish there was a treaty, I wish there was a treaty
Between your love and mine

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Adeus



João Lobo Antunes ( 1944-2016)





Não sei o que nos espera, mas sei o que me preocupa: é que a medicina, empolgada pela ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade única de cada pessoa que sofre, pois embora se inventem cada vez mais modos de tratar, não se descobriu ainda a forma de aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão.”
Obra "Ouvir com outros olhos" (Gradiva) – 2015


Sinto isto na pele todos os dias.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

PARABÉNS, MÁRIO!



O meu irmão, que faz hoje anos, escreveu este texto quando iniciou o seu blogue : O espaço azul entre as nuvens, terminado em 2010.

A despedida foi muito triste para mim, mas a imagem do sol por entre as nuvens ficou sempre na minha memória e consola-me nos dias mais sombrios.



"As nuvens existem, porque os céus sempre azuis carregam consigo a monotonia e o conformismo. Mas entre elas existe um espaço azul. Entre elas surge o sol, como garante da ousadia, exemplo do desejo, imagem da fantasia, símbolo do hoje e do amanhã. A nossa vida é, na melhor das hipóteses, um sexto da de uma fralda descartável. Ou da de um saco de plástico. Mas a nossa eternidade alcança-se na partilha, na explosão da nossa vida em mil pedaços, repartida pelos filhos, pelo que fazemos, pela dádiva, pelas impressões digitais que deixamos nesta nossa passagem efémera".

Mário Cordeiro

PARABÉNS, MÁRIO!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Presunções ( do blogue Notas de Chá)

Transcrevo aqui a entrada de hoje do blogue Notas de Chá, por achar pertinente a questão abordada e concordar em absoluto com o que aqui é referido.


Presunções


Sinto sempre um aperto no coração quando ouço vaticínios sobre a vida de alguém.
Ele vai ter um fim triste. Aposto que ainda vai acabar sozinho…
Aparentemente, há quem tenha nascido no princípio do mundo e saiba ver o futuro dos outros com a clareza do vidro. No meio da vasta escuridão estrelada do universo, do mistério intricado que caracteriza qualquer vida, há quem não se coíba de desfiar a sua cartilha de verdades autorreferenciais e de predizer, sem pudor, futuros alheios que, de um modo geral, são sempre pouco abonatórios. Talvez a fraqueza que pressentem na vida dos outros os faça crer que a própria vida é uma marcha contínua de acertos e glórias. Talvez seja isso. Mas eu acho que essas pessoas de tanto acreditarem nas suas palavras acabam por perder a capacidade de ver. Definir o futuro de alguém é recusar a radical mutabilidade das coisas, negar o vasto emaranhado de estradas que compõe o mapa de cada vida. E quem é que já não se perdeu em atalhos? Quem é que não se enganou nas coordenadas? O caminho certo está sempre para além da linha do horizonte. Que olhar consegue abarcar a extensão e a profundidade de uma vida a acontecer por dentro, qual semente a romper a terra? O mundo pula e avança, ergue-se do peso das coisas e é nos desacertos que as pessoas se reinventam. Para viver, não é preciso pedir licença a ninguém.
Quanto ao fim propriamente dito, aquele que é inerente a todos os destinos humanos e ao qual ninguém consegue fugir, esse é sobejamente conhecido. Estamos todos no mesmo barco e nenhuma vida acaba bem. E esta mera evidência deveria ser razão suficiente para sermos mais solidários uns com os outros.


domingo, 23 de outubro de 2016

Brahms e a dor


Há 2 dias que não saio de casa.

Apanhei um virus qualquer - talvez no hospital da CUF onde fui todos os dias da semana passada. Começou pelo nariz e acabou na tosse, uma tosse seca, irritante que chega a abanar-me toda. Há muito que não me sentia tão mal. Doi-me o peito.

Há pouco fui-me deitar depois de tomar um benuron e enfiar uma colher de mel pela boca abaixo.Não conseguia estar sentada a ouvir música...

Depois de dormir uma hora sinto-me melhor e felizmente o MEZZO fez-me a vontade. Estão a transmitir um dos concertos da minha vida: Brahms, Concerto para piano nº2.

Deixo-me embalar nestes acordes e fecho os olhos.

O bem-estar vem do som indefinido destas teclas e o meu espírito voa com os violinos, violoncelos,  oboés e flautas, sob a batuta do maestro.

Nem sei os seus nomes, só sei que são eles que me levam para bem longe daqui.....








segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Evocando Sophia


Era uma vez um jardim onde à noite todas as plantas ganhavam vida. Os gladíolos estavam muito na moda e eram as flores mais colhidas. Certo dia, nasceu um gladíolo que ficou muito contente por saber que ia ser colhido. Mas ele ouviu a dona da casa a dizer ao jardineiro para não colher mais gladíolos porque faziam falta ao jardim.
Então, o gladíolo decidiu fazer uma festa para não ficar tão triste. Ele tinha de pedir autorização ao rapaz de bronze que era o dono do jardim durante a noite. Ele autorizou a festa e o gladíolo convidou todas as flores. Mas um ou dois dias antes da festa eles pensaram que como as pessoas punham flores nas jarras, eles tinham de pôr uma pessoa numa jarra. Então, eles decidiram que seria a Florinda, uma menina de sete anos que era filha do jardineiro.




Na noite da festa, o rapaz de bronze foi ao quarto da Florinda e perguntou-lhe se ela queria ir a uma festa. Ela ficou surpreendida por uma estátua estar a falar com ela, mas aceitou. Quando ela chegou à festa nem queria acreditar no que estava a ver mas o rapaz de bronze disse para ela se sentar na jarra e começou a contar como é que eles ganhavam vida. No dia seguinte, quando a menina foi para a escola, contou às amigas e elas não acreditaram e disseram que ela tinha sonhado. Então ela também começou a pensar que tinha sonhado.
Passaram muitos anos. Quando a Florinda tinha quinze anos, o pai dela pediu-lhe para ir levar ovos a casa da cozinheira. Já era de noite quando ela vinha para casa. O rapaz de bronze veio ter com ela e perguntou-lhe se ela se lembrava dele e se se lembrava da festa. Ela disse que sim, os dois deram as mãos e foram assim a andar pelo jardim.
O Rapaz de Bronze - conto de Sophia de Mello Breyner

sábado, 15 de outubro de 2016

Chove

Chove. Há Silêncio


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva 
Não faz ruído senão com sossego. 
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva 
Do que não sabe, o sentimento é cego. 
Chove. Meu ser (quem sou) renego... 

Tão calma é a chuva que se solta no ar 
(Nem parece de nuvens) que parece 
Que não é chuva, mas um sussurrar 
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece. 
Chove. Nada apetece... 

Não paira vento, não há céu que eu sinta. 
Chove longínqua e indistintamente, 
Como uma coisa certa que nos minta, 
Como um grande desejo que nos mente. 
Chove. Nada em mim sente... 


Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Genius

                       
É um filme inglês e como quase todos, feito com mestria e sobriedade, bons actores e interpretações profundas. A reconstituição da época é excelente com a patine sepia dos filmes antigos.

Não é empolgante, nem tem grande conteúdo, é mais um diálogo entre dois monstros da palavra, a sua relação afectiva e demolidora simultaneamente.



                                                O filme passa-se em NY.

O escritor Thomas Wolfe, de quem li aos 20 anos Look Homeward Angel na universidade, começa a publicar o seu primeiro livro depois de rejeitado por muitas editoras. Encontra finalmente um editor, já conhecido, que aceita a sua prosa prolixa e demasiado rica para o público, a atravessar  uma crise económica.
Obrigados a desbastar páginas e páginas de texto, passam noites juntos, criando laços que vão para além das famílias e obrigações para com elas.


O tema é este, nada de especial. Mas gostei, sobretudo das contracenas entre Colin Firth, o eterno Darcy de Pride and Prejudice e Jude Law, o menino bonito do cinema inglês contemporâneo.

O ritmo é lento e talvez monótono para a maioria das pessoas. A presença dos outros autores americanos como Hemingway e Scott Fitzerald demasiado fugaz.

A música indiferente, o que é raro em filmes ingleses.
Gostei, mas não aconselho a todos.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O Outono já chegou - II


Oiço musica de Telemann, concertos para oboé.
Este instrumento traz-me sempre uma nota inquietante, nostálgica e por vezes plangente.
Assim como o Outono, que rapidamente se instalou no jardim do meu contentamento.




 Hoje estive lá uma hora e meia e mais estaria, se não fora ter receio duma chuvada. Afinal, o céu abriu e está uma tarde de sol esplendoroso.

O Botãnico continua a oferecer-nos uma explosão de cores e espécies a céu aberto, sem ser preciso pagar bilhete de entrada. Mas só estava um jardineiro a arrancar ervas junto aos lagos de nenúfares e dois ou três jovens a passear. Aquilo nem parece ser um espaço universitário, é raro ver estudantes por ali.




Fiz o circuito habitual que equivale a 1km aproximadamente, 1700 passos e 77 calorias gastas. Pouca coisa, mas a paz que me transmite só por si vale tudo.

Voltei a fazer um vídeo dentro do caramanchão de vinha virgem, mas só se o passar para o Youtube é que consigo colocá.lo aqui.

Assim ficam só as fotos...




quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A educação musical


O meu filho tem uma playlist de genéricos de séries que nos deliciaram na sua infância , adolescência, juventude, etc. Foram músicas que ouvimos dezenas de vezes e que nos são especialmente queridas.
nas festas o João senta-se ao piano e toca-as todas.
Quando viajamos de carro ouvimos essas sequências e a nostalgia instala-se.



Séries como Return to Brideshead, Inspector Morse, Carson's Law, Era uma vez o Espaço,  Downton Abbey, etc. são eternas.

Ficam aqui alguns videos a relembrar.

Hoje tenho estado a ouvir uma sequência só da série Inspector Morse.




A música é inquietante, bela, penetrante...cria um mood excepcional, que explica também o sucesso da série em questão.

Pergunto-me porque é que as nossas telenovelas hão-de apresentar música tão foleira, pimba, rap ou mesmo odiosa.  Esta música é transmitida centenas de vezes na rádio, nos cafés, nos bares, discotecas, etc. Produzem-se DVDs horrorosos que toda a gente compra sem nunca se interrogar sobre a qualidade dos mesmos.

Quando começou a telenovela A Impostora interessei-me em vê-la por causa dos actores, Diogo Infante, Fernanda Serrano e Dalila Carmo. No início, Diogo Infante interpreta um maestro que actua em Santiago do Chile. Pedaços dos ensaios e performances da orquestra são filmados e a música clássica dá um toque maravilhoso à história e ao romance.


Infelizmente depois de uns dez episódios o maestro é despedido e vem viver para Lisboa, onde nunca mais toca. Poderiam ter mantido como fundo a mesma música clássica, como fazem nas séries inglesas, intermeando-a com outra mais ligeira. Não. Foi um corte total. Nunca mais as personagens ouvem música decente ( como se fosse possível!). Na série Morse, o Inpector está sempre a ouvir música em casa e escolhe pedacinhos lindíssimos de ópera, cantados em geral por sopranos maravilhosos. As pessoas habituam-se a ouvir esse tipo de trechos.

A educação do ouvido pode ser feita por diversos métodos.
Se os meus pais não ouvissem tanta música clássica em casa, talvez eu nunca tivesse esta paixão.
A Música foi o meu grande escape em alturas cruciais da minha vida e talvez uma das coisas que mais me separou do meu ex-marido, que detestava música clássica e até música, em geral.

Acho obrigatório deixar os miudos ouvirem de tudo e educá-los para apreciarem peças mais eruditas. È uma dádiva para toda a vida. Roubar-lhes esse prazer é criminoso.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Outono já chegou

Apesar dos dias luminosos de céu azul e sol radioso, nota-se que o outono já chegou com o seu esplendor de cores, a transformação matizada das folhas a despedirem-se, os tapetes de pétalas coloridas, a secura dos lagos, os nenúfares mergulhando nos seus sarcófagos espelhados.

Gosto do Botânico nesta época. Este ano veio cedo. Debaixo do caramanchão de vinha virgem senti-me numa igreja cheia de vitrais coloridos, brilhando ao sol. Fiz um vídeo, mas não sei se consigo pô-lo aqui. Se não fora o ruído horrível da VCI, o ambiente seria místico.










sábado, 8 de outubro de 2016

Yorkshire

A minha filha enviou-me fotos da região onde vive. Em tempos calcorreava com facilidade aqueles montes. Tenho fotos minhas a subir as escarpas bem contente.
Infelizmente agora já não seria capaz, mas fiquei contente que a minha filha voltasse aos seus lugares sagrados.


Estão aqui dois quadros que em tempos fiz em homenagem aos Moors.





É assim que vejo a paisagem na minha imaginação.

UP Grongar Hill I labor now,
And reach at last his bushy brow.
O, how fresh, how pure the air!
Let me breathe a little here;
Where am I, Nature? I descry        
Thy magazine before me lie!
Temples and towns and towers and woods,
And hills and vales and fields and floods,
Crowding before me, edged around
With naked wilds and barren ground.        
  See, below, the pleasant dome,
The poet’s pride, the poet’s home,
Which the sunbeams shine upon
To the even from the dawn.

(...)


John Dyer






sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Da Torre à aldeia de Piódão


          Há sítios neste país que parecem estar fora do mundo.

 Não fora o meu filho mais velho, que considera ser sua missão levar-me a ver o que nunca veria,  estas fotos maravilhosas ficariam por capturar.

Aproveitando o feriado e dado que os meus netos não tinham aulas nesses dias. fomos à Serra da Estrela passar uma noite na bela Pousada , antigo sanatório restaurado por Souto Moura.





        As vistas perdidas no alto da Torre deixaram-me completamente sem fala. Desde Yosemite na California que não via paisagens tão majestosas, montes a perder de vista, fragas, encostas de pedra, vales e riachos. A época não é a melhor, está tudo amarelo, mas os montes cobertos de urze e as ervas douradas encantaram-me. Parecia que estava noutro país.





    Na 4ª feira descemos 140 km diabólicos em direcção a Piodão,


uma das aldeias de xisto mais pitorescas do país. Muito conhecida pelas construções em forma de presépio, as ruas esconsas e sem asfalto, o piso ruim e difícil de calcorrear, as escadinhas a perder de vista, os alpendres cheios de videiras já rosadas, e à volta o verde maravilhoso dos pinheiros e abetos, a aldeia é um deslumbramento!


Raras vezes tenho sentido esta emoção em lugares remotos.

Se não fôssemos com os meninos, que se cansam de andar de carro, esta viagem poderia continuar dias e dias.

Adoro andar pelo país, como andámos nos anos 70, quando mudávamos de casa de 2 em 2 anos.

Fiquei fã da serra e amei a paisagem da beira alta. Já conhecia bem a beira baixa, onde vivi.

Ficam aqui algumas fotos que tirei com a minha Lumix ou com o i'Phone.

Todas elas me farão reviver esta experiência maravilhosa.


















quarta-feira, 5 de outubro de 2016

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Margens unidas


Habituada que estava a ver ferry-boats a cruzarem-se no Tejo, vindos do Barreiro ou de Almada até ao Terreiro de Paço, imagem que ainda hoje relembro com alguma saudade, fiquei surpreendida quando cheguei ao Porto pela primeira vez em 1979 e descobri que não se podia ir a Gaia por barco, apenas de carro ou de autocarro e agora de metro. Mais tarde descobri que havia uns barquitos que faziam a travessia Afurada - Rua do Ouro de meia em meia hora, mas cujo serviço terminava às 6 da tarde. Mesmo assim ainda a fiz umas duas vezes.


Pensei muitas vezes para comigo que o famoso Mário Ferreira da Douro Azul mais tarde ou mais cedo iria investir num ferry para atravessar o rio, dado que é rápido, barato e deve dar milhões.

Ontem vi a notícia que há tanto esperava. Vai haver um serviço de taxis fluviais e é claro que o investidor é estrangeiro, não um magnate do Porto, nem sequer a Câmara que só teria a ganhar com este negócio.
Deve haver milhares de pessoas a querer atravessar o rio todos os dias...e não só por prazer. Percorrer as pontes às vezes leva horas...qualquer estrangeiro topa isto à distância, mas os portugueses ficam à margem destes negócios...

Nova ligação no rio Douro
O novo serviço de táxi fluvial que liga as ribeiras do Porto e Gaia já está em funcionamento e é assegurado por duas Rabelas – embarcações inspiradas no desenho do tradicional barco rabelo – a funcionar numa lógica de ida e volta, com cada viagem de 230 metros a demorar três minutos
As rabelas vão permitir que os turistas atravessem o Douro de uma maneira mais rápida, segura, cómoda e agradável”, Adrian Bridge, diretor-geral da The Fladgate Partnership, em comunicado
Esta informação, adiantada em comunicado pela The Fladgate Partnership, empresa que está a promover a iniciativa, não só revelou que o serviço está disponível numa base diária entre as 9h e as 20h com um custo associado de 3 euros, mas também que cada Rabela, graças aos seus 15 metros de comprimento, tem capacidade para transportar 28 passageiros em simultâneo.

Fotografia de The Fladgate Partnership
Fotografia de The Fladgate Partnership

O arranque do serviço implicou a montagem de um cais de acostagem com cerca de 12 metros em cada uma das margens do Douro – em frente ao Clube Fuvial Portuense, do lado de Gaia, e frente à Praça da Ribeira, no topo montante do Cais da Estiva, do lado do Porto – tendo as duas Rabelas sido batizadas como “Serra do Pilar” e “Casa do Infante”.
Vai ser bom passear dos dois lados e ver as vistas magníficas ao cair da noite!

domingo, 2 de outubro de 2016

As árvores



Os gemidos das árvores

A Árvore, em pé, no meio das planuras,
    cheia de riso e flor, verduras, passarinhos,
    Ela é o guarda-sol dos frutos e dos ninhos.
    É o tecto nupcial das conversadas puras.

O humilde cavador que foiça as ervas duras
    dos broncos matagais e escalrachos maninhos,
    sob ela faz o seu leito, ao cruzar os caminhos,
    torrado da soalheira ou nas sombras escuras.

     Contudo, o Homem ingrato esquece a Árvore amiga
    e prefere a Cidade e a balbúrdia inimiga,
    onde a alma corrompe em orgias triviais.
    Mas a Árvore lá fica, a espreitar nas ramadas
    como a mãe lacrimosa, a olhar sempre as estradas
    - a ver se o filho volta à
cabana dos pais!

                                                                                                                                      Gomes Leal



sábado, 1 de outubro de 2016

O anonimato no meio das gentes


Há dias em que estamos sozinhos do princípio ao fim do dia.



Sozinhos no que se refere à família ou amigos, mas acompanhados de gente que nada nos é, mas cuja presença acaba por ser importante para o nosso equilíbrio mental.

Hoje resolvi ir à Baixa para ir buscar um pano lindo que trouxe de Leeds e do qual quero fazer uma toalha. Tinha-o deixado na Casa dos Linhos para o ajour.





Resolvi ir de autocarro e metro, o que leva uns 20m bem contados. Ao sábado há menos autocarros de

modo que ainda esperei uns dez minutos na paragem onde ouvi uma conversa interessante sobre a mania que se tem em Portugal de exigir tratamento por Dr a todo o propósito. Diziam as senhoras, a propósito, que os professores da universidade chegam a catedráticos tardíssimo, muitos só com 60 anos. Meti-me na conversa, dizendo que o meu filho tinha 40 e já era catedrático há três anos. Ficaram surpreendidas. Também lhes disse que nunca gostei que me chamassem, "setôra", mas que não tinha outro remédio senão tolerar.


Passear pela Rua de Santa Catarina é uma alegria. Gente, luz, sol, cor, pessoas felizes. Num cartaz lia-se : Shopping is cheaper than psychiatrists, o que se torna verdade quando temos dinheiro e apreciamos as montras. Nada comprei de valioso, mas andar por ali no meio da gente, anónima, desconhecida e ausente dos meus problemas foi um bálsamo autêntico.


Não fui ao hospital, já lá ia há dez dias non-stop, necessitava duma tarde para mim.

O resto foi o habitual. Fiz um cozido com os legumes que cá tinha - a minha empregada anda a faltar há uma semana por causa da filha doente e não tenho tempo para compras - e apesar de estar só, soube-me pela vida.


O meu neto chegou pelas 8.30 para ver o jogo do Porto. Foi-se embora no intervalo porque estava a cair de sono, mas o tempo que cá esteve foi a cereja no topo do bolo num dia bonito.